O Transtorno de Déficit de Atenção e Hiperatividade (TDAH), também conhecido como ADHD ou TDAHI (Transtorno de Déficit de Atenção e Hiperatividade/Impulsividade), é uma condição neurocomportamental caracterizada por um padrão persistente de desatenção, hiperatividade e impulsividade que interfere no funcionamento ou desenvolvimento de crianças, adolescentes e adultos. Este transtorno afeta a habilidade de concentração, organização, planejamento e execução de tarefas, impactando negativamente em diversas áreas da vida, incluindo acadêmica, social e profissional.
O tratamento do TDAH pode envolver uma variedade de abordagens, incluindo terapia cognitiva-comportamental, intervenções educacionais, atividade física e o uso de medicamentos específicos para gerenciar os sintomas. Por esse motivo é essencial a consulta com um médico especialista em TDAH e também a abordagem conjunta com uma equipe multidisciplinar.
Vários dos sintomas do TDAH estão relacionados a dificuldades com organização temporal e material. A organização temporal e material refere-se à capacidade de gerir de forma eficaz o tempo e os materiais em contextos acadêmicos, ocupacionais e diários. Como exemplos de dificuldades do paciente com TDAH podemos citar:
A modalidade de intervenção mais utilizada para tratar pacientes com TDAH (ou seja, a medicação) não aborda adequadamente as dificuldades organizacionais. Embora a psicofarmacologia melhore muitos dos sintomas centrais do TDAH, há poucas evidências que sugiram que medicamentos estimulantes promovam melhora nas habilidades organizacionais.
As intervenções de organização para crianças com TDAH geralmente se concentram em aspectos escolares, como gerenciamento de tarefas, planejamento e organização física de materiais escolares. Por outro lado, as intervenções para adultos com TDAH frequentemente visam aspectos temporais da organização, como agendamento, priorização e criação de listas de tarefas, e utilizam técnicas terapêuticas cognitivo-comportamentais para promover mudanças. Os componentes chave da intervenção nas habilidades organizacionais são descritos logo abaixo.
Estratégias para manter a ordem em pertences pessoais e materiais acadêmicos. Enfatizar a manutenção de itens pessoais e escolares organizados e acessíveis, com o uso de ferramentas organizacionais, como sistemas codificados por cores (como por exemplo: uso de post-it e canetas coloridas). Utilizar lista de verificação de incluindo critérios de organização.
Técnicas para conclusão eficaz de deveres acadêmicos e preparação para projetos de longo prazo e testes. Ocorre pelo planejamento e registro de tarefas para promover a autonomia em atividades acadêmicas ou ocupacionais. Importante o uso de agendas e a criação de lista de tarefas. Outro ponto importante é a criação e realização de metas com monitoramento diário e listas de verificação. As metas devem possuir tempo para execução e serem listadas com ordem de prioridade.
Incentivar o registro de obrigações com o uso de agendas ou calendários digitais para acompanhar prazos acadêmicos ou ocupacionais importantes.
Sistema baseado em recompensas para incentivar e reforçar habilidades organizacionais. Pode-se, por exemplo, criar um sistema de pontos ou fichas para recompensar comportamentos organizacionais, estimulando a autoorganização. Esse sistema deve transitar ao longo do tempo para estimular a independencia e o monitoramento próprio das habilidades organizacionais.
Aplicação de habilidades organizacionais em diferentes contextos para manutenção a longo prazo. Deve-se ensinar como aplicar essas habilidades organizacionais em diferentes ambientes, como em casa, no ambiente acadêmico e ocupacional e na comunidade. Ênfase na transferência e manutenção das habilidades organizacionais em diferentes contextos de vida.